Pesquisa

Pesquisas individuais em curso


 

O SISTEMA ECLESIAL MEDIEVAL: HISTÓRIA, CIÊNCIAS SOCIAIS E MONASTICISMO (EUROPA OCIDENTAL, SÉCULOS IX-XIII)

Responsável: Gabriel de Carvalho Godoy Castanho

Resumo: O presente projeto de pesquisa visa contribuir com o ensino e o estudo de História Medieval desenvolvidos pelo Programa de Pós-Graduação em História Social do Instituto de História da Universidade Federal do Rio de Janeiro por meio do aprofundamento reflexivo em torno de uma questão central: o papel do monacato medieval no sistema eclesial, com especial atenção para a Europa Ocidental dos séculos IX-XIII. Nas últimas décadas, o dominium e a ecclesia vêm sendo analisados em profundidade pelos medievalistas que passaram, então, a revelar seu papel capital no surgimento de diferentes formas de relações sociais existentes ao longo dos séculos medievais. Tais elementos estão presentes no que se habitou chamar por sistema eclesial. Trata-se de uma lógica material e ideal que orienta (ainda que de forma heterogênea) as ações dos representantes da instituição eclesiástica (o clero e os monges) no sentindo de instaurar a Igreja como instituição total, ou seja, equivalente ao conjunto da sociedade cristã. Visando tratar do lugar do monasticismo no sistema eclesial, presente projeto conta com seis objetivos (ou eixos de abordagem) que se encontram divididos em dois grupos. O primeiro privilegiará questões diretamente ligadas ao estudo da sociedade medieval por meio dos seguintes eixos: a ancoragem espacial; práticas: liturgia, escrita etc.; relações de poder. O segundo tratará de questões teórico-metodológicas capitais para a formação de medievalistas no século XXI: eclesiologia e ciências sociais; linguagem e história; medievalística digital. Por meio de aulas, reuniões de grupos de estudo, orientações de pesquisa, organização de palestras, de conferências, de mesas redondas e de jornadas de estudo, o presente projeto de pesquisa irá colaborar, de maneira renovada, com os estudos desenvolvidos no âmbito do Programa de Pós-Graduação em História Social do Instituto de História da Universidade Federal do Rio de Janeiro. A verticalização da pesquisa a respeito do monasticismo medieval tem dupla justificativa institucional: 1) a maturidade atual dos estudos medievais brasileiros; 2) a falta de um grupo de pesquisas brasileiro que se constitua em um fórum inter-regional e internacional estritamente dedicado à análise do monasticismo e que possa revelar toda a riqueza de seu papel na organização social da época. Pretendemos assim, contribuir com a formação dos alunos do PPGHIS, fortalecendo ainda mais, em suas trajetórias, o equilíbrio entre o trato da documentação primária e a reflexão teórico-metodológica, aspecto tão necessário ao exercício profissional no campo das Ciências Sociais.

 

O LUGAR DO MONASTICISMO NO SISTEMA ECLESIAL MEDIEVAL. EUROPA OCIDENTAL, SÉCULOS IX-XIII

Responsável: Gabriel de Carvalho Godoy Castanho

Resumo: O presente projeto de pesquisa visa contribuir com o ensino e o estudo de História Medieval desenvolvidos no Instituto de História da UFRJ por meio do aprofundamento reflexivo em torno de uma questão central: a ancoragem espacial do monacato medieval, com especial atenção para a Europa Ocidental dos séculos IX-XIII. Nas últimas décadas o dominium e a ecclesia vêm sendo profundamente analisados pelos medievalistas que passaram, então, a revelar o papel capital do sistema eclesial na organização das relações sociais ao longo dos séculos medievais. Trata-se de uma lógica material e ideal que orienta (ainda que de forma heterogênea) as ações dos representantes da instituição eclesiástica (o clero e os monges) no sentindo de instaurar a Igreja como instituição total, ou seja, equivalente ao conjunto da sociedade cristã. Ela alimenta uma espécie de força centrípeta que funda os laços sociais (polarização espacial) e apresenta uma tendência dinâmica que assume formas diferentes ao longo dos séculos, permitindo assim, um estudo das mudanças sociais passadas. A verticalização da pesquisa a respeito da espacialidade do monasticismo medieval tem dupla justificativa institucional: 1) a maturidade atual dos estudos medievais brasileiros; 2) a falta de um grupo de pesquisas que se constitua em um fórum inter-regional e internacional estritamente dedicado à análise do monasticismo e que possa revelar toda a riqueza de seu papel na organização social da época. Por fim, através do estudo do período medieval, o presente projeto pretende colaborar com a formação dos alunos de graduação do Instituto de História, fortalecendo, em suas trajetórias, o equilíbrio entre o trato da documentação primária e a reflexão teórico-metodológica, aspecto tão necessário ao exercício profissional no campo das Ciências Sociais.

 

OS HERDEIROS DO APÓSTOLO ANDRÉ: O PENSAMENTO ECLESIOLÓGICO DOS METROPOLITAS DE KIEV (1047-1274)

Responsável: Leandro César Santana Neves

Resumo: Pretendemos nesta pesquisa abordar a construção do pensamento eclesiológico de metropolita de Kiev e toda Rus entre os anos de 1047 e 1274. Compreendendo eclesiologia como tanto o pensar sobre a Igreja quanto a confusão desta com a sociedade em geral no plano das ideias, argumentamos que a comunidade de fé de Rus pensada pelos clérigos em questão encontrava-se em constante processo de reflexão e, logo, de institucionalização, ao passo que nas fontes existe uma compreensão da sociedade laica como uma comunidade eclesiástica. A função metropolitanal, semelhante ao ofício de arcebispo na Latinidade, garantia aos metropolitas uma posição única dentro de Rus como autoridade eclesiástica máxima (somente abaixo do Patriarca de Constantinopla) em contato direto com o poder laico e com os outros profissionais da Igreja, e pretendemos também demonstrar com as instâncias supracitadas influenciou na concepção de Igreja dos metropolitas.

Palavras-chave: Rus de Kiev; Eclesiologia; Metropolitas de Kiev e toda Rus; História da Igreja.

 

IMAGENS DAS LETRAS E LETRAS NAS IMAGENS: OS ALFABETOS FIGURADOS NO OCIDENTE MEDIEVAL

Responsável: Maria Cristina Correia Leandro Pereira

Resumo: Diferentemente das chamadas iniciais, ou letras capitulares, um arranjo distinto das letras se encontra no alfabeto – a começar pela constatação de que nestas últimas sua função de iniciar determinada palavra ou frase é suspensa. No alfabeto, elas se dão a ver pelo e no que são: apenas letras. Apresentam-se, pois, de forma autônoma, seguindo uma lógica sequencial, coletiva e arbitrária que as ordena.
Uma característica relevante do alfabeto é sua visualidade, o que está presente em sua própria aparência enquanto “coisa em si”, enquanto unidade (e não só como o coletivo das letras), sendo particularmente evidente no caso dos alfabetos figurados. Este projeto de pesquisa visa, portanto, analisar o alfabeto figurado, ou seja, o arranjo sequencial das letras em diferentes formatos figurativos e cumprindo diferentes funções, durante o período que se convencionou designar por Idade Média, em sua área ocidental. Neste projeto, os alfabetos figurados serão analisados em três de suas funções principais: didática, estética (mais precisamente, ornamental) e satírica ou humorística – lembrando que todas elas podem estar enredadas: a aquisição de uma competência e a exibição de seu domínio são uma forma de embelezamento; a crítica satírica pode ensinar; e a beleza pode servir para ridicularizar ou fazer rir.

Palavras-chave: alfabetos, imagens, letras, arte medieval, manuscritos.

 

AS RELAÇÕES DA NORMANDIA COM FRANCOS E ESCANDINAVOS E O DESENVOLVIMENTO DE UMA IDENTIDADE NORMANDA ENTRE OS SÉCULOS X E XI.

Responsável: Matheus Brum Domingues Dettmann

Resumo: Desde sua origem no princípio do século X, a dinastia normanda estabelecida por Rollo esteve inserida em uma série de interações e contatos tanto com a esfera de poder franca quanto com o mundo escandinavo, construindo laços e estabelecendo relações sociopolíticas com diversos povos. A partir da análise da crônica De moribus et actis primorum Normanniae ducum de Dudo de Saint-Quentin e da Gesta Normannorum Ducum de Guilherme de Jumièges buscamos definir se é possível perceber a noção de um fator externo nessas fontes que englobe estes povos com quem a dinastia normanda trava relações sociopolíticas, interage e constrói vínculos, povos estes que não estão sobre controle direto da própria dinastia de Rouen.

Essa pesquisa procura entender como as relações da Normandia com estes povos externos estão representadas nas duas fontes, sendo através de contatos e interações como relações de amizade, parentesco, rivalidade, dentre outras. Ao analisar a forma que tais relações são representadas objetivamos apresentar as duas Gestas como um discurso político e diplomático diretamente ligado aos interesses sociopolíticos de Rouen e as disputas de poder nos quais a dinastia normanda se insere quando Dudo escreve sua obra no primeiro quarto do século XI e quando Jumièges termina sua Gesta, no último quarto do mesmo século. Acreditamos que tal estudo contribuirá para evidenciar como os interesses políticos e diplomáticos normandos evoluíram e se modificaram ao longo do século XI

Palavras-chave: Normandia Medieval; Relações Diplomacia; Relações Sociopolíticas.

 

O LUGAR DO MONASTICISMO NA MEDIEVALÍSTICA BRASILEIRA

(Concluído)

Responsável: Raphael da Silva Lemos

Resumo: A seguinte pesquisa de Iniciação Científica visa um primeiro balanço do conhecimento científico institucional produzido no Brasil a respeito do monasticismo medieval ocidental. Para isso, elaboramos um banco de dados sistematizado com informações acadêmicas de historiadores(as) que trabalharam ou trabalham com o monasticismo. A partir dos dados recolhidos, concebemos alguns critérios para a análise de teses e artigos acadêmicos desses pesquisadores com intuito de percebermos a importância dada ao monasticismo na produção de conhecimento sobre a Idade Média no país.

Palavras-chave: Medievalística brasileira; monasticismo; historiografia.

 

A CONSTRUÇÃO DISCURSIVA DO PODER ECLESIÁSTICO MEDIEVAL: UMA NARRATIVA SOBRE VÍCIOS E VIRTUDES NA CRUZADA ALBIGENSE (1209-1229)

Responsável: Thalita Soares Claudino

Resumo: Os séculos XI-XIII representam para a cristandade medieval o momento de institucionalização da Igreja. Como consequência desse processo de expansão e de tentativa de monopolização da fé criou-se as margens, onde todos aqueles que viviam o cristianismo diferente daquele que estava sendo proposto pela Igreja foram colocados. As práticas cristãs que fogem aos costumes e princípios estabelecidos pela Igreja foram consideradas pela mesma como heresia. Herege é, em termos linguísticos, aquele que escolhe um outro caminho. Diversos grupos foram identificados somente como heréticos, sem se considerar as particularidades de cada um deles. Essa redução a uma matriz comum nos leva a investigação dos instrumentos com os quais a Igreja operou na demarcação dos seus opositores a partir do caso específico dos cátaros do Languedoc francês, contra os quais foi empreendida uma Cruzada entre 1209 e 1229.

A Historia Albigensis, considerada uma das principais fontes da Cruzada Albigense, foi escrita por um monge cisterciense, que tinha por finalidade narrar o conflito e torná-lo conhecido entre as nações a fim de exaltar os atos de Deus em nome da cristandade. Em vista disso, consideramos que seu conteúdo deve ser analisado como a representação de algo que se queria combater e extinguir. Por isso, nos propomos a analisar o catarismo, tal como chegou até nós, enquanto uma representação construída pela Igreja em um momento de afirmação do seu poder eclesiástico no conjunto da sociedade do Ocidente Medieval. Nosso propósito é analisar o papel da prática escrita na construção do poder eclesiástico no conjunto da sociedade do Ocidente Medieval a partir do discurso e da narrativa sobre vícios e virtudes contida nesse documento.

Palavras-chave: cruzada albigense; discurso; prática escrita; heresia; catarismo.

 

A  CONTRIBUIÇÃO DO CONHECIMENTO ANTIGO SOBRE A NATUREZA PARA A CONSTRUÇÃO DAS CATEGORIAS “COMIDA” E “MEDICAMENTO” NO OCIDENTE MEDIEVAL

Responsável: Wanessa Asfora Nadler

Resumo: Este projeto de pesquisa trata do problema que envolve a construção das categorias comida e medicamento em um contexto particularmente rico para o desenvolvimento sociocultural e científico do Ocidente, a Idade Média e o Renascimento. A temática é de extrema importância, pois aquelas categorias colocam problemas cujo impacto pode ser sentido na atualidade, dentre outras coisas, na maneira como a ciência contemporânea lida com questões alimentares. A hipótese da pesquisa sugere que a distinção teórica atual entre comida e medicamento não estaria essencialmente relacionada a práticas compartilhadas por diferentes grupos sociais, mas que seria resultante do processo de racionalização que organizou o pensamento científico moderno visando a delimitação e a afirmação de espaços e atribuições de profissionais distintos. Propõe-se, portanto, um trabalho de investigação com o objetivo de construir um quadro historicizado e interpretativo para a circunscrição teórica das categorias comida e medicamento, a partir de um tipo de fonte privilegiada para tal: a chamada literatura técnica antiga que circulou na Europa desde a Alta Idade Média. Serão investigadas obras inseridas no âmbito da Physica ou Filosofia Natural, principalmente textos médicos e zoobotânicos.

Palavras-chave: Idade Média; manuscritos; natureza; medicina; alimentação.


Pesquisas do Núcleo São Paulo (USP) do LATHIMM